segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

2048


O ano é 2048. O futebol mundial entra em crise. Desesperados por lucro e mais audiência, cartolas tomam uma medida drástica, durante o outono europeu, em Zurique.

Apoiados por grandes craques do passado, como Lionel Messi, Ronaldinho Gaúcho e Lulinha, aprovam uma lei que proíbe o carrinho no futebol!

Aplausos. De nada adianta o protesto ferronho de outros jogadores. A mídia aprova, o povo vai com ela.

O técnico da seleção italiana, Marco Materazzi, retira a Azurra das competições internacionais.

Ninguém liga.

No gramado da famosa Bombonera, em Buenos Aires, músicos famosos fazem concerto em memória de Diego Maradona. Mas a abertura fica por conta de Roberto Ayala, que dispara contra a Fifa.

Nada passa.

Na Plaza dels Heróis, em Assunción, Gamarra (a quem muitos atribuem os melhores carrinhos da história) discursa para centenas de zagueiros e militantes do mundo inteiro. E em Copacabana, no Rio de Janeiro, Junior Baiano organiza passeata que conta com o apoio de grandes defensores da época.

Em vão.

Em poucos meses, os mais conservadores são punidos, ao insistirem na praticada jogada. E nem mesmo o atentado terrorista à International Board surte algum efeito.

Na Itália, de longe o país mais afetado pela regra nova, a greve de zagueiros supera 180 dias sem nenhum acordo. E sem opções, meias são improvisados na quarta zaga e técnicos desesperados chegam a usar dois atacantes. A bota vira de cabeça para baixo!

Longos jejuns de títulos e jogos sem graça, cheios de gols, espantam o italiano dos estádios. Em poucos anos, o vôlei desbanca o Calcio como esporte numero um do país.

Claro, alguns paises se adaptam melhor, principalmente aqueles cheios de atacantes, como o Brasil.

Um século se passa após a lei contra o carrinho e pouco se sabe sobre como e quando ele surgiu no futebol. Os pesquisadores gastam seu tempo investigando a história de jogadas mais nobres, como a bicicleta e o drible da foca. Sem registros, perdido no tempo e na memória do povo, o carrinho vira história de bar, contada boca a boca.

Mas na várzea, último reduto dos praticantes do carrinho, o espírito dos zagueiros do passado ainda vive. Se atirando contra meias habilidosos, garotos deslizam sobre a terra e gritam nomes de grandes craques, como Lúcio, Naldo, Ricardo Rocha, Cléber...

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