quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Os Segredos da Obamaravilha

* Por Chico Garcia


Amigos, amigas, democratas, blogueiros e leitores, eu irei vos contar como quase me tornei um republicano do alto escalão.

Bar do Seu Zé. São Paulo, Brazil - September 30th.
21:13am local time

Tudo começou quando estava no boteco com meu amigo Tiago Marconi (em papo de campanha política baiano é autoridade) e confessei nunca ter tido tanto a sensação de que o marketing tinha adquirido uma sobre importância perigosa, na política e no futebol.
Não pude deixar de lado, em meus comentários, a campanha do senhor Geraldo e a camisa roxa do Corinthians, mas eu sabia que a galinha dos ovos de ouro estava mesmo é lá pelas bandas de Chicago. Era o fenômeno do senhor Barack, atraindo mais gente do que jogo do Flamengo, que me despertava atenção.

Comecei a suspeitar de que algo estranho pairava sobre a cúpula democrata. Para mim, a grande questão por trás da cortina da mídia sempre foi apenas uma: Quem era o real marqueteiro de Barack Obama? Aqueles liberais ecologistas do partido eram incapazes de tal feito, fantoches na mão de um gênio meticuloso que eu desconhecia. A partir daí as coisas começaram a esquentar...



Home. São Paulo, Brazil - October 1st.
08:45am local time

Fui investigar minhas suspeitas à primeira luz da manhã. Adquiri inúmeros folhetos democratas pela internet e colei-os abaixo de uma silhueta negra, com um grande ponto de interrogação em cima. Quem, afinal, poderia elucubrar tantas frases de efeito? Quem poderia tocar o povo com mensagens publicitárias tão bem planejadas? Quem teria essa capacidade sem sequer levantar as suspeitas republicanas?

Após horas de reflexão, estava certo de que já havia ouvido frases bem parecidas em algum lugar. E foi em um comício democrata pelo youtube que descobri a verdade. Atrás da cortina, longe do centro do palco, uma figura misteriosa parecia sussurrar frases que em seguida eram colocadas à mesa de Obama.

E o mais intrigante: seus pés raramente tocavam o chão. Pareciam levitar, voar como um beija-flor. Quem, afinal, além de bolar frases tão impactantes, era capaz de parar no ar dessa forma? O marqueteiro de Barack Obama era Dadá Maravilha!

O beija-flor, gênio da grande área e da propaganda, o maior frasista da história do futebol. Dario conhecia bem o povo - conquistou com seu marketing nada menos do que as torcidas de Flamengo, Inter e Atlético - e agora ajudava por algum motivo o partido democrata.

McCain não tinha a mínima chance. Apenas a minha ajuda poderia salvar sua campanha. E então tive uma idéia brilhante, botada em prática três dias depois. Secretamente, ajudaria a desmascarar a farsa da “obamaravilha”, me aproximaria do senador McCain e, se ele fosse eleito, teria influência política para tentar convencê-lo a participar da maior e mais crucial de todas as parcerias bilaterais da história das Américas (depois do fracasso da ALCA), a construção do estádio da Fiel, em Miami.


Telefonista me ligue com o Quartel General Republicano, urgente! Ninguém atendeu. Revirei então minha agenda até encontrar o que procurava. Tinha em mãos o messenger de Angélica Bush, sobrinha distante de George, que recentemente fez intercâmbio na FFLCH. Claro que ela se zangou por eu nunca ter ligado de volta, mas logo me perdoou, quando comentei que ela parecia magra. Meu nível de acesso estava garantido e a equivocada estratégia de McCain havia de ganhar um fôlego extra.

Withe House. Washington D.C - October 7th.
16:08h local time

Poucos dias depois me vi sendo paparicado pela equipe republicana da Casa Branca, ainda que meu sobrenome hispânico causasse certa resistência. Comecei mostrando tudo que sei sobre o conceito de estratégia. Depois, expliquei que os milhões de dólares gastos na Google Operation, que consistia em procurar no Google terroristas com o sobrenome “Obama”, estavam esvaziando os cofres da campanha sem sucesso algum. Era um brasileiro, ex-jogador e falastrão, o marqueteiro secreto dos democratas.

Conheci McCain logo em seguida. E provei por a mais bê que as frases do Dadá eram o trunfo da campanha democrata. Contei que, no Brasil, o atacante já teve tantos adeptos que chegou fundar uma religião, o dadaísmo. Obama era a camuflagem democrata perfeita em torno do fenômeno Dadá, mas a mim eles não engavavam. Afinal, Barack é bom falador, mas não é grande frasista, o que é quase a diferença entre um bom bebedor e um bêbado. Convenci McCain que Obama não era nem cristão e nem muçulmano, Obama era dadaísta.

Federal Bureau of Investigation. Washington D.C - October 14th.
14:22hs local time

Os programas avançados do FBI fizeram o resto. Dadá e Barack são incrivelmente parecidos quando rejuvenescidos a uma idade equivalente. Seriam irmãos? Filhos bastardos? Terroristas disfarçados (sugeriu Pallin)?

Estava mais do que certo de que Obama e o Beija Flor guardavam algum segredo que tinha de descobrir, com a maquina republicana aos meus serviços.


Rapidamente estava me sentindo em casa, boa gente esses republicanos. Ganhei charutos cubanos de Bush pai, acesso ao salão oval nas tarde de terça e uma linda funcionaria da NSA ao meu dispor, Agent Liu Takawara. Com suas habilidades de hacker, Liu invadiu a rede da CBF e descobriu, entre outras coisas, que o campeonato brasileiro de 1976 foi comprado em favor do internacional, por influência do Maravilha e ajuda de Jimmy Carter. No mesmo ano, em contrapartida, o centro avante colorado ajudou o democrata a derrotar Gerald Ford, com outra campanha avassaladora, nas eleíções americanas. As provas estavam ali, e só faltava escancarar a relação entre Barack e Dadá.

Withe House. Washington D.C-October 27th
21:34pm local time


Poucos dias para o início das eleições e a conexão de internet do quartel republicano era inexplicavelmente lenta. Esculachei alguns militantes e resolvi relaxar, reconhecendo que estava tudo perdido. Procurei algo agradável para ouvir, fumando um charuto, quando percebi que a resposta que buscava sempre esteve na capa de um de meus discos. Era ele, só podia.

O falecido um sete um mais famoso dos morros cariocas, Bezerra da Silva, era o pai. Um apologista das drogas, das armas, conhecido no meio do tráfico, um ícone das favelas do Rio de Janeiro, pai de Barack Obama? Seria o suficiente para convencer os eleitores a votar em McCain?


Achei que, no mínimo, poderia convencer os judeus, e fui pedir uma investigação minunciosa quando, no mesmo ato, vejo Liu correndo em minha direção com paginas soltas na mão direita, caindo ao chão conforme ela se aproximava. As evidências estavam lá, gritantes, escondidas na própria autobiografia de Obama.

Quando ele revela que o filme ítalo-brasileiro “Orfeu Negro”, de 1959 (adaptação altamente libidinosa de uma história mitológica grega ambientada em uma favela carioca na época do carnaval), mudou para sempre a vida de sua mãe, que era uma patricinha, Obama colocou a corda em torno do próprio pescoço.

Mais do que suspeito, levando em conta a acusação. O malandro partideiro seduziu a Sra. Obama por tras dos olhos do Sr. Obama e podia ser também pai de Dadá, porque não? Isso explicaria o auxílio de um dos maiores marqueteiros da história na campanha do irmão mais novo.
Saltei da poltrona, apaguei o charuto e liguei para Sarah. Precisamente às 23h00min daquela noite entregaria a ela uma pasta de conteúdo high-classified, revelando toda a verdade por trás de Barack Obama, no nosso cantinho secreto atrás do Washington Memorial.

Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça inexplicável. Me recordo apenas de ter ido a alguma espécie de clube e notado que Pal parecia bem mais bonita do que o de costume. Duas aspirinas e já estava de pé. Tinha de começar a articular a segunda fase do plano, uma aproximação do ranzinza do Mccain com o pouco visionário do Andrés Sanchez.

Vislumbrei parceiros poderosos e começei a procurar patrocinadores. E enquanto esperava na linha para conversar com o presidente de uma cervejaria porto riquenha, usei todos os meus conhecimentos em geografia para fazer um projeto do fielzão em escala.


O Estádio seria um tipo de arena, localizado em South Beach, uma espécie de praia grande de Miami. No pacote, havia também dois aeroportos pra Fiel, um em Key West, outro em Itaquera. Além do ginásio, o Fielzinho.


International Lands - November 5th.
Time Unknowed

As emissoras anunciaram a vitoria de Obama mais cedo do que pensei, mas não fiquei surpreso ou mesmo triste. Acho que já esperava por isso. Aquela mesquinha da Palin provavelmente nunca entregou a pasta a ninguém, pra me sacanear. Vai desmascarar a fraude Obama quando der na telha dela (alguém duvida que aquela piranha ainda vai querer assumir a Casa Branca?) e nem me chamar. Conformado, comprei um barril de cerveja para a equipe, jantei com Liu pela ultima vez e e me desliguei do partido republicano para sempre.
Só questionei meus sentimentos pouco altruístas espremido entre a quarta e a quinta fileira da classe econômica, voltando pra casa, reconhecendo que talvez fosse melhor dar uma chance aos democratas.
Imaginei, bebericando um vinho de quarta categoria, haver formas mais corretas de realizar o sonho do Fielzão.

Como estaria a festa dos simpatizantes de Obama ao redor do mundo? Voltei ao meu lugar, recostei no assento e imaginei a narração de Galvão Bueno (é amigo, o Brasil é Obama desde criancinha), mas achei que não, não chegava a tanto. Liguei meu Ipod e comecei a escutar as batidas cadenciadas, as rimas ácidas e a mensagem sagaz do velho Bezerra. Presidente caô caô. E enfim dormi.

9 comentários:

Anônimo disse...

Goddamn mad nigga's samba!!!

Anônimo disse...

Miss you a lot, my latin lover.

Yours,

Sarah

Tiago Marconi disse...

Mais um exemplo do domínio do marketing sobre eleições e futebol: acabo de ver a Fiel cantando

"Corinthians, meu bem, Corinthians
é a gente de novo
é o time do povo
é a nossa alegria"

na melodia de "Sorria", que grudou na cabeça dos paulistanos por conta da propaganda eleitoral do bambi do Kassab.

Anônimo disse...

Wow! That's Palin!

Anônimo disse...

O Bezerra, que era tão malandro que morreu numa segunda-feira para não atrapalhar o feriado de ninguém, era tão malandro que quando foram ver já era pai do presidente dos EUA.

êêêêê, velho Bezerra! saudades de suas não caídas nem escorregadas, das suas não dormidas nem cochilas, suas não carregadas de embrulho e não-entradas em fila

Unknown disse...

só um adendo ao comentario malandro: Bezerra da Silva que era tão malandro que morreu uma segunda feira dia 17/1...

Anônimo disse...

ai, a verdade é que um em cada seis brasileiros lembra um pouco o obama

Zé Pedro Fittipaldi disse...

como também é verdade que apenas um em cada seis uísques de fato torna a Sarah Palin atraente.

Anônimo disse...

Pô, imagine só o dia em que você resolver escrever um book. Me avise que eu compro.